Hannah Arendt e o seu conceito de ‘banalidade do mal’
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segunda-feira, 27 de agosto de 2012
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Esta opinião de Umberto Eco é absolutamente falsa e irracional
Umberto Eco e a identidade europeiaby O. Braga |
«No
seio da própria civilização ocidental, vamos adquirindo de forma cada vez mais
acentuada a consciência da identidade europeia. Talvez essa
identidade não se manifeste quando visitamos outro país europeu, porque nessa
situação é mais evidente a percepção da diferença — mas essas mesmas diferenças
são notadas por um milanês que viaja até Palermo, ou por um calabrês que chega a
Turim.
A
identidade europeia afirma-se, no entanto, mal entramos em contacto com uma
cultura extra-europeia, incluindo a cultura norte-americana: num congresso, num
Serão passado entre amigos de países diferentes, ou até no decorrer de uma
viagem turística, há momentos em que de repente nos apercebemos de que há uma
sensibilidade comum, que nos faz estar
mais próximos dos pontos de vista, do comportamento e dos gestos de um francês,
de um espanhol ou de um alemão do que dos de um não-europeu.»
—
Umberto Eco, “A Passo de Caranguejo”, 2007, página 42 (o sublinhado é meu).
Esta
opinião de Umberto Eco é absolutamente falsa e irracional. Dizer, por
exemplo, que um português se sente mais próximo de um alemão do que de um
brasileiro ou de um angolano; ou dizer que um espanhol se sente mais próximo de
um inglês do que de um argentino; ou dizer que um inglês se sente mais próximo
de um grego do que de um australiano — é pura mentira e uma falácia de todo o
tamanho. É uma desonestidade intelectual vinda de um intelectual de esquerda
como é Umberto Eco. É a negação ostensiva e propositada da pura evidência dos
factos em nome da construção de um leviatão europeu que, alegadamente, serviria
o propósito da paz à custa da repressão causada por um totalitarismo suave.
Poderá
Umberto Eco argumentar que a validade do seu argumento da “identidade europeia”
se aplica apenas aos países europeus sem uma história colonial consistente e
consequente — como, por exemplo, a Itália ou a Alemanha. Mas o argumento é,
ainda assim, muito fraco, porque o grau de diferenciação existente entre um
italiano e um alemão, por exemplo, não é menor do que o grau de diferenciação
que existe entre um francês e um alemão — e as diferenças são enormes.
Em
alternativa, Umberto Eco poderá argumentar que existe uma "identidade europeia"
a nível de intelectuais de esquerda que partilham uma mundividência política
similar, senão mesmo idêntica. Aqui, até posso estar de acordo. Não me custa
nada admitir que Umberto Eco e, por exemplo, Habermas, Fernando Savater e o
falecido e histriónico Jacques Derrida, tenham tido uma mundividência semelhante
acerca da Europa e de uma putativa “identidade europeia”. Mas o que o Umberto
Eco não tem o direito de fazer é confundir a mundividência intelectual da
esquerda, por um lado, com a mundividência que cada um dos povos da Europa tem
de si mesmo e dos outros.
Esta
mania esquerdista de considerar universais os seus próprios valores, como se
estes tivessem que ser necessariamente impostos de forma coerciva à maioria das
pessoas, é algo de extremamente irritante e até nauseabundo.
O. Braga | Quinta-feira, 23 Agosto 2012
at 2:10 pm | Tags: Umberto Eco, União Europeia | Categorias: A vida custa, cultura, Esta gente vota, Europa, politicamente correcto, Ut Edita | URL: http://wp.me/p2jQx-cQJ
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